quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Gladiador


A partir do estudo de 120 esqueletos de gladiadores, mortos em combate ou executados na arena, pesquisadores austríacos traçaram um retrato realista, baseado em evidências materiais, de como viviam e morriam os protagonistas de um espetáculo sangrento que, durante 700 anos, foi a principal diversão dos (civilizados) romanos: a luta de gladiadores.

O mais impressionante eram as formas de execução dos gladiadores derrotados. Aquele que tivesse ferimentos leves, esperava de joelhos pelo julgamento da platéia. Caso a decisão fosse pela execução, ele era morto com um golpe de espada na jugular. Se estivesse muito debilitado, era mantido de quatro na areia e recebia o golpe nas costas, na altura do ombro. A lâmina penetrava entre os ossos e chegava diretamente ao coração.

As ossadas, datadas dos séculos III e IV, foram achadas na antiga cidade de Éfeso (a mais movimentada da Ásia Menor,na época, com cerca de 200 mil habitantes) e tinham marcas de ferimentos feitos por espada, tridente e por uma arma pouco comum, chamada "quadridente cúbico", uma espécie de garfo grande com quatro dentes dispostos bem perto uns dos outros, que se imaginava fosse usada, apenas, em rituais religiosos.

A arena de Éfeso, adaptada sobre um teatro grego, podia acomodar 25 mil espectadores, a metade da lotação do Coliseu de Roma. Os arqueólogos encontraram junto às tumbas muitos desenhos e inscrições a respeito da vida dos gladiadores, que  permitiram identificar - por exemplo - um jovem de 21 anos, que treinava para ser gladiador desde os 17,  e foi morto na quinta vez em que se apresentou na arena. 

A análise das ossadas  permite concluir que os gladiadores eram muito bem tratados enquanto estavam em treinamento. E se acumulavam um número suficiente de vitórias, eram libertados e, não raro, transformavam-se em organizadores de lutas.

As regras do jogo eram rigorosas e sempre buscavam um equilíbrio de forças entre dois gladiadores (luta de um gladiador contra vários, só no cinema americano). As armas e as roupas de proteção seguiam um padrão fixo, para que um não levasse nenhuma vantagem em relação ao outro. O que encantava a platéia era a destreza demonstrada na arena.

Os gladiadores treinavam com intensidade e, a julgar por seus restos, tinham o preparo físico de um atleta moderno. Quando sobreviviam, os ferimentos eram muito bem tratados. Os especialistas que estudaram os esqueletos encontraram um osso de antebraço com uma fratura que tinha sido tão bem cuidada que mal aparecia a olho nu. Um resultado assim só é possível com pronta intervenção de um médico hábil, seguida de um bom tratamento fisioterápico.