domingo, 12 de dezembro de 2010

Annales


O que costuma ser chamado de Escola dos Annales, não é, exatamente, uma escola; melhor seria falar em movimento. Um movimento que ultrapassa as fronteiras do que foi publicado na revista "Annales d’histoire économique et sociale”.

O movimento passou por diversas reformulações, desde os tempos de Marc Bloch Lucian Febvre. Nos anos 60, por exemplo, ele sofreu forte influência dos trabalhos de Fernand Braudel, até chegar na fase atual, chamada de Nova História, quando se destacam as obras de LeGoff e Duby.

Grosso modo, o movimento pretende ser renovador, reivindicando uma história experimental científica (até para torná-la mais "respeitável" nos ambientes acadêmicos), e orientando-se para uma "interdisciplinaridade" com as demais Ciências Sociais, sobremodo no aspecto metodológico.

É sempre bom considerar que grande parte desse impulso "renovador" da História, não nasceu entre os historiadores, mas entre sociólogos, quase todos de formação durkheimiana. Aliás, no início do Século XX, o debate entre historiadores e sociólogos tornou-se intenso e, não raro, conduziu a uma disputa ferrenha, com os sociólogos sustentando a necessidade de um padrão metodológico para todas as Ciências Sociais, inclusive a História.

Nesse contexto, tornou-se emblemático o argumento de Simiand de que qualquer ciência social, para merecer o título de "ciência", teria de aplicar uma metodologia "reconhecidamente científica", ou seja, partir de uma "hipótese", para desenvolver uma "pesquisa". É mais ou menos isso que o pessoal dos "Annales" pretendia, ao falar em "história-problema".

Contrapondo-se ao Marxismo, os Annales entendem que a economia (ou seja, o sistema produtivo) não é o fator dominante na organização e funcionamento da sociedade, porém longe de propor outro fator em seu lugar, sustenta que a tarefa do "cientista social" é explicar o social "complexificando-o" e não simplificando-o.

A concretização dessa proposta confere à História (ou melhor, a todas as Ciências Sociais) uma prolixidade que a torna inteligivel apenas por quem domina seus "códigos", a exemplo do que ocorre em outros ramos do conhecimento científico, literalmente restrito aos "iniciados" do setor.

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