sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Sensibilidade social



Desenvolvimento, crescimento econômico, modernização do parque industrial, PIB, Renda per capita, e outros jargões da Economia, incorporaram-se ao "saber" (e ao repetir) de nossa classe média.

Mas como quase tudo em Economia, a verdade varia de acordo com o olhar e os indicadores comportam solertes armadilhas.

Se, por exemplo, um país como o Brasil, apresenta crescimento de 2% do PIB (o índice que mede a riqueza nacional) em determinado ano, isso significa que os brasileiros, de um modo geral, ficaram 2% mais ricos ou menos pobre, certo? 

Errado.

Assim seria se vivêssemos em uma sociedade igualitária ou perto disso. Mas a verdade é que, ao contrário, ostentamos a indigna condição de ser um dos países com maior taxa mundial de desequilíbrio sócio-econômico. Até na obra de um historiador renomado, como o anglo-egípcio, Eric Hobsbawm, o Brasil só é lembrado como "campeão da desigualdade".

Somos uma sociedade de classes, organizada segundo o modelo capitalista. E, como outras sociedades assim estruturadas, temos nossa elite sócio-econômica, que se apropria da fatia majoritária da riqueza produzida por toda a nação. 
Só que temos uma das elites mais vampirescas do planeta, e uma classe média com baixíssimo nível de consciência social.

Desse modo, em nossa amada pátria, ser socialista pode indicar, tão somente, alguém que dispõe de um pouco mais de sensibilidade social do que a maioria dos brasileiros. Alguém que ao ler que o país se desenvolveu, pergunta-se quem se beneficiou com esse desenvolvimento. Alguém que se interessa mais em acompanhar o IDH do que o comportamento do PIB e da Taxa Selic (ainda que seja importante também obervá-lo). Alguém que pode até não postular uma sociedade comunista, mas que considera indigna, desumana, e cruel a convivência da opulência com a miséria.

Há muitos que não têm essa sensibilidade.
Há muitos que a tem mas permanecem de boca fechada e braços cruzados, entendendo que não há como mudar esse cenário vergonhoso.
Há muitos que a tem, mas que a sufocam em troca de 30 moedas.
Há muitos que a tem, mas apenas agradecem a Deus não terem nascido no seio das camadas mais inferiores da pirâmide social.

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